Berthoud | 1790 | Prata

A proposta de hoje é um Ferdinand Berthoud de 1790 em prata.

É um relógio bastante interessante, produzido pelo relojoeiro Ferdinand Berthoud (1727 - 1807) no final do século XVIII, em prata com ponteiro indicador dos dias do mês no mesmo eixo dos ponteiros das horas e dos minutos.

É um relógio bastante raro devido à complicação da data, fundamentalmente porque naquela altura os datadores encontravam-se em submostradores àparte e descentralizados.

O relógio no seu conjunto está em excelente estado de conservação, mostrador sem cabelos, vidro arredondado, mecanismo de fuso em estado imaculado e caixa com muitos poucos sinais de uso, atendendo ao facto de já ter a bonita idade de 230 anos.

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História


Ferdinand Berthoud nasceu em 1727 em Val-de-Travers, uma região da Suíça que abandonou quando ainda jovem para completar os seus estudos em Paris. 
A sua habilidade como relojoeiro em breve se tornou evidente e, em 1753 foi agraciado com o título de Mestre Horologista por decreto especial do Conselho do Rei Luís XV. Daí em diante, Ferdinand Berthoud dedicou-se ao aperfeiçoamento da sua arte e ao desenvolvimento de relógios de precisão, numa época em que os relojoeiros europeus competiam para dominar o cálculo da longitude. 
Por solicitação de Luís XV, viajou para Londres para estudar os cronómetros marítimos H1 e depois H4 de Harrison, e recebeu a rara distinção de ser eleito membro da Royal Society. 
Em 1768, dois cronómetros marítimos de seu fabrico, N ° 6 e N ° 8, foram a bordo de um navio da Marinha Real para testes. Ao longo de doze meses no mar, demonstraram extraordinária precisão  para a data.
Por esse feito, Ferdinand Berthoud foi nomeado "Mecânico-Relojoeiro do Rei e da Marinha". Com a sua reputação e futuro garantidos, Ferdinand Berthoud entregou a sua oficina em Paris aos seus sobrinhos Charles Augustes e Pierre-Louis Berthoud, que forneceriam as cortes da Europa enquanto ele se concentrava no aperfeiçoamento de mecanismos e na redação de numerosas obras de referência científica através das quais compartilhou o seu conhecimento sobre o fabrico de relógios e cronómetros marítimos. Um inspirado inventor e relojoeiro, considerado o pai da cronometria marinha em França, Ferdinand Berthoud foi nomeado Chevalier de la Légion d'Honneur por Napoleão I em 1804 e morreu três anos depois, aos 80 anos. 
Em 2006, Karl-Friedrich Scheufele, presidente da Chopard, adquiriu a marca com nome Ferdinand Berthoud e fundou a Chronométrie Ferdinand Berthoud, da qual também é presidente, com a firme intenção de homenagear este relojoeiro excepcional, a sua impressionante obra e os valores da perfeição, precisão e inovações associadas a este nome de prestígio.


Datas Importantes


1727 - Nascimento, em 18 de março, de Ferdinand Berthoud em Plancemont-sur-Couvet, uma cidade em Val-de-Travers, parte do cantão suíço de Neuchâtel, numa ilustre família de relojoeiros.


1745 - Aos 18 anos, Ferdinand Berthoud muda-se para Paris para aperfeiçoar as suas competências como relojoeiro.


1753 - Por decreto especial do Conselho do Rei Luís XV, com apenas 26 anos de idade, Ferdinand Berthoud recebe oficialmente o título de Mestre Horologista.


1759 - Ferdinand Berthoud publica sua primeira obra de referência especializada, "L'Art de conduire et de régler les pendules et les montres […]".


1763 - Publicação em dois volumes d a grande obra de referência de relojoaria  "Essai sur l'horlogerie".


1764 - Ferdinand Berthoud é eleito Fellow da Royal Society de Londres, como reconhecimento da importância dos seus trabalhos e publicações no campo da relojoaria.


1768 - Os cronómetros marítimos N ° 6 e N ° 8 realizam com sucesso testes de mar a bordo do L'Isis durante a viagem de ida e volta de 12 meses da corveta de Rochefort a Santo Domingo. O cronómetro marítimo N ° 8 é usado para traçar a posição do barco num mapa e, combinado com observações astronômicas, para calcular a longitude com precisão de meio grau.


1770 - Após os testes de mar bem-sucedidos dos cronômetros marítimos N ° 6 e N ° 8, Ferdinand Berthoud recebe o mandado de Relojoeiro-Mecânico ao Rei e da Marinha, e uma comissão real para fornecer vinte relógios marítimos ao almirantado francês para os vários levantamentos hidrográficos realizados no final do século XVIII.


1802 - Ferdinand Berthoud publica uma das suas obras mais importantes, "Histoire de la mesure du temps par les horloges", na qual demonstra o seu extraordinário conhecimento da mecânica relojoeira.


1804 - Em 17 de julho, Ferdinand Berthoud recebe o título de Chevalier de la Légion d'Honneur de Napoleão I.


1807 - Ferdinand Berthoud publica seu último trabalho, "Supplément au traité des montres à longitudes […]".
Em 20 de junho, falece, aos 80 anos, em Groslay (França).
Os seus sobrinhos Pierre-Louis Berthoud (1754-1813) e Charles-Auguste Berthoud (1798-1876) continuaram o trabalho do seu tio com sucesso e tornaram-se importantes fabricantes de cronõmetros.
2006 - Karl-Friedrich Scheufele adquire a marca e cria a Chronométrie Ferdinand Berthoud.

Mais um relógio interessante e belo. O @floijdt tem olho para a coisa .

É mesmo curiosa era organização do mostrador, nunca tinha visto.

Parabéns pela e peça e obrigado pela partilha.

Muito bem @floijdt! Obrigado por mais este excelente e interessante pedaço de história! E parabéns por mais essa belíssima peça! O nome do Berthoud é bastante conhecido, já tinha lido sobre ele, claro, mas só retive que era um ilustre a bastante antigo relojoeiro, desconhecia os pormenores!

Lá em cima colocaste como data do relógio 1890, mas então deverá ser 1790!

Aqueles relógios que te falei aqui num tópico e sobre os quais me aconselhaste, já cá moram em casa ... esses e mais alguns, é melhor nem dizer nada!  O que era para mim uma "curiosidade gostosa", tornou-se numa situação mais ... aguda! 

Assim que tiver um pouquinho de tempo, vou mete-los aqui, um a um! 

Obrigado pelo reparo @JPP, já alterei.

Estou ansioso por ver essas máquinas já na tua mão. Foram excelentes aquisições.

Parabéns!

Mais um belíssimo post, obrigado.
Esta marca Berthoud tem alguma ligação á Universal Geneve?

floijdt escreveu:Obrigado pelo reparo @JPP, já alterei.

Estou ansioso por ver essas máquinas já na tua mão. Foram excelentes aquisições.

Parabéns!

Obrigado @floijdt, assim que puder meto-as aqui! 

Sansoni7 escreveu:Mais um belíssimo post, obrigado.
Esta marca Berthoud tem alguma ligação á Universal Geneve?

Penso que não.

Boas @floijdt e mais uma vez aqui está mais uma grande partilha de conhecimento e apresentação de mais uma peça espetacular ....

floijdt escreveu:

Sansoni7 escreveu:Mais um belíssimo post, obrigado.
Esta marca Berthoud tem alguma ligação á Universal Geneve?

Penso que não.

Tinha ideia que sim e por isso fui pesquisar e encontrei «isto»:

https://www.highlifewatches.com/store/p35/1937_Berthoud_%28Universal_Genève%29_Uni-Compax_-_Ref._5938.html

Fantastico, mais uma excelente peça!
Isto lembrou-me que ainda não se falou aqui da nova Ferdinand Berthoud.. tenho que retificar isso

Bonito relógio, com uma bela caixa em bom estado, mas estranho muito o movimento não estar assinado e numerado - ou pelo menos assinado, sendo o normal "Berthoud" + "à Paris."

Correndo o risco de estar a dizer uma grande asneira, se o visse à venda diria que era um "casamento", que numa caixa e mostrador originais de Berthoud foi metido um movimento anónimo, com complicação sim mas anónimo...E quanto aos ponteiros, estes são de tipo Breguet, de que me permiti retirar um excerto do site Espiral do Tempo":

"Os chamados ponteiros Breguet, criados em 1783, terão aquele que provavelmente será o estilo mais facilmente identificável como sendo da marca. O disco furado que têm no último terço, associado, por uns, à forma de uma maçã oca e, por outros, a um quarto crescente, é o elemento mais caraterístico destes ponteiros. Os registos históricos da Breguet identificam mesmo alguns artesãos envolvidos exclusivamente na fabricação destes ponteiros. São eles: Vaujour, entre 1787 e 1826, Thévenon, entre 1793 e 1822, Jaquet, a partir de 1826, e Lalieue, a partir de 1830. Entre estes, destaca-se, e de forma pouco habitual no meio, uma mulher: Charlotte Albertine Marat. A irmã do famoso revolucionário jacobino Jean-Paul Marat produziu e vendeu os famosos ponteiros à casa francesa entre 1818 e a morte de Abraham-Louis Breguet, em 1823."

Penso que pela altura em que este relógio foi feito, fins do séc. XVIII, os ponteiros tipo Breguet eram  fabricados para a casa Breguet, não para os Berthoud, logo os ponteiros não são originais. 

Mas isto sou eu a pensar, se calhar estou completamente errado.

E apesar disso (ou por causa disso), continua a ser uma bonita peça para coleccionar!