Jeremias Girod

Deixo aqui algumas fotos de um dos meus relógios de bolso, o mais valioso que tenho - do ponto de vista sentimental, claro - pois era um dos relógios do meu Avô (que eu não conheci por ter falecido sete anos antes de eu nascer) e que me calhou a mim, os outros ficaram para os meus irmãos e ainda tenho de os ver com atenção.

É um Jeremias Girod e já andei a googlar sobra a marca (pouco, o tempo é sempre pouco) sem ter encontrado grande coisa, só percebi que pode estar relacionado com uma marca, a J. G. Girod, SA, com lojas em Madrid, Barcelona e La Chaux-de-Fonds, pois encontrei um catálogo de preços de 1935 (que comprei).

Se alguém souber dizer mais alguma coisa sobre a marca, agradeço! 

A caixa parece-me ser em prata, mas não tenho a certeza.

Encontrei este artigo na NAWCC sobre um "Jeremie Girot": https://mb.nawcc.org/threads/help-with-a-jeremie-girod-key-wind-and-set.134118/

Curiosamente, a gravação na caixa refere que a marca tinha depositários em Lisboa e Porto. Tendo em conta o teu catálogo e o facto de grande parte da informação sobre a marca estar assente em leiloeiras ibéricas faz-me pensar que poderia ser uma marca espanhola ou portuguesa made in Suíça. 

Especulando um pouco, poderia ser que o "Jeremie" fosse a marca original e o "Jeremias" tivesse sido uma adaptação linguística para o nosso mercado. Mas isto são tudo suposições.

Encontrei este artigo na NAWCC sobre um "Jeremie Girot": https://mb.nawcc.org/threads/help-with-a-jeremie-girod-key-wind-and-set.134118/

Curiosamente, a gravação na caixa refere que a marca tinha depositários em Lisboa e Porto. Tendo em conta o teu catálogo e o facto de grande parte da informação sobre a marca estar assente em leiloeiras ibéricas faz-me pensar que poderia ser uma marca espanhola ou portuguesa made in Suíça. 

Especulando um pouco, poderia ser que o "Jeremie" fosse a marca original e o "Jeremias" tivesse sido uma adaptação linguística para o nosso mercado. Mas isto são tudo suposições.

Obrigado pela valiosa informação @Tempus fugit! 

Pelo que fui lendo e consegui perceber, deves ter mesmo razão. E, curiosamente, o Jeremie aparece junto com as referências a Lisboa e Porto e o Jeremias, provavelmente com o nome já adaptado por uma destas casas, é o que consta do relógio do meu Avô, que será, pois, posterior.

Existe um Barthélémy Girod associado ao Vacheron (antes da associação deste com o Constantin), mas era somente o seu sogro. De acordo com os costumes da época, quando o Abraham Vacheron casou, adoptou o nome da mulher e passou a assinar os seus relógios com Abm Vacheron-Girod, entre 1786 e 1816, tendo havido depois outras associações do nome Vacheron com outros nomes, tanbém por casamento. 

No entanto, encontrei afirmações na NAWCC de que este nome Girod, em princípio, nada tem a ver com o Jeremie. O que pode não ser verdade, digo eu, pois, por outro lado, existe registo de um Jean Gaspard Girod, em Genéve, próximo de 1651. Precisamente as iniciais de J. G. Girod do meu catálogo de 1935.

Concluíndo, é bem possível que este Jean Gaspar Girod de 1651 tivesse sido o fundador da marca, que em 1935 perdura na Suiça, Espanha e Portugal e, pelo meio, um dos membros dessa família, uma mulher, por casamento em 1786, esteja na origem da associação Vacheron-Girod. Sendo que esta associação só existe mesmo por causa do casamento e dura pouco. 

Note-se que mais tarde, nos anos 1840 e até 1880, pelo menos, continuam a aparecer relógios com o nome Vacheron-Girod, que era supostamente uma segunda linha económica da Vacheron & Constantin, que existia para dar vazão aos movimentos daquele período e aos VC que, posteriormente, iam caíndo em desuso com o avançar da relojoaria. Mas nada terá já a ver com a família Girod, cuja atividade deverá ter prosseguido em Espanha e Portugal.

Pelo que, terminando, a marca do relógio do meu Avô poderá bem ter origem no J. G. Girod de 1651, que no século XIX e XX teve representações em Lisboa e Porto, para além de Madrid e Barcelona e da casa na Suiça, sendo que é já uma adaptação do nome do Jeremie ao Português. 

Interessante! Pena o tempo para estes estudos ser pouco, pois estou convencido que se continuasse isto ia levar dias! 

Obrigado mais uma vez Fernando @Tempus fugit, pelo valioso e imprescindível pontapé de saída! 

Cheira-me que se tu tivesses mais tempo davas em Historiador de Horologia e ainda escrevias uns belos livrinhos! Quem sabe quando te reformares!? 

Bonito relógio @JPP é realmente uma rica herança que deves manter na família ...

Eu também tenho um relógio de bolso que foi comprado pelo meu bisavô e me tocou a mim em sorte de partilhas quando o meu avô faleceu ,,, que vou em breve por aqui umas fotos do mesmo e claro por também um pouco da sua Historia e do que consegui apurar do mesmo ..

Aproveito também para agradecer ao Fernando  @Tempus fugit pela sua intervenção sobre o mesmo que deu para enriquecer mais o tema e ficarmos a saber mais sobre o mesmo ...

O sistema regulador parece ser de cilindro e, como o enrolador da mola é feito através de chave, este relógio está datado entre os anos 1840 e 1870, mais ou menos, portanto é provável que o teu avó já o tenha herdado do avô dele.

O sistema regulador parece ser de cilindro e, como o enrolador da mola é feito através de chave, este relógio está datado entre os anos 1840 e 1870, mais ou menos, portanto é provável que o teu avó já o tenha herdado do avô dele.

Boa! Obrigado @floijdt! Não tinha ideia, de facto, da época dele, excelente informação que muito te agradeço! 

Na verdade já me tinha ocorrido que poderia não ter sido comprado pelo meu avô, mas que poderia ter sido herdado, pois eu tenho outras coisas que já vêm do meu tetravô! Mas, claro, não fazia a mínima ideia da época deste relógio.

Bonito relógio @JPP é realmente uma rica herança que deves manter na família ...

Eu também tenho um relógio de bolso que foi comprado pelo meu bisavô e me tocou a mim em sorte de partilhas quando o meu avô faleceu ,,, que vou em breve por aqui umas fotos do mesmo e claro por também um pouco da sua Historia e do que consegui apurar do mesmo ..

Aproveito também para agradecer ao Fernando  @Tempus fugit pela sua intervenção sobre o mesmo que deu para enriquecer mais o tema e ficarmos a saber mais sobre o mesmo ...

Obrigado @Nuno Graça, para mim estas coisas são totalmente invendáveis. Tal como as recebi, passarei um dia aos meus filhos!

Ficamos à espera do teu! 

Estamos a escavar a história.
Também para «isto» servem os relogios.

JPP escreveu:

Cheira-me que se tu tivesses mais tempo davas em Historiador de Horologia e ainda escrevias uns belos livrinhos! Quem sabe quando te reformares!? 

Nunca se sabe   Curiosamente já fui desafiado por uma marca para saber mais sobre o seu passado. Infelizmente o tempo não dá para tudo...

Pois, como sempre digo, nunca sei o que faz mais falta, se o tempo, se dinheiro! 

Bonito relógio @JPP

Duas coisas que eu adoro, relógios e história. Então se puder conjugar os dois é a cereja no topo do bolo .

Eu estava a pensar o mesmo que o colega floijdt. Ou você era muito mais velho do que aquilo que o seu pulso dava a entender ou o seu avô não tinha sido o primeiro proprietário dessa peça.


Mais uma cidade para juntar ao Porto, Lisboa, Madrid, Barcelona e La Chaux-de-Fonds.

Aos poucos vão-se juntando mais peças! 

Ontem encontrei mais uns quatro folhetos e catálogos da marca (que vou comprar) e descobri que, possivelmente entre outras marcas, a J. G. Girod, S. A. comercializava os relógios Titan e Tenox, quer despertadores, quer relógios de bolso.

Aos poucos vão-se juntando mais peças! 

Ontem encontrei mais uns quatro folhetos e catálogos da marca (que comprei) e descobri que, possivelmente entre outras marcas, a J. G. Girod, S. A. comercializava os relógios Titan e Tenox, quer despertadores, quer relógios de bolso.

Boas @JPP

É isso mesmo ,, aos poucos vamos descobrindo cada vez mais coisas uns com os outros ,,,, e agora com a Intermete está muito mais facilitado ...

Eu recordo-me que o meu avô e o meu pai me falavam  que era em almoços e jantares com amigos , de quando em quando , que eles  ião  e tiravam as duvidas uns com os outros e ião apontando num bloco as coisas mais tecnicas ...

Ou seja hoje em dia numa semana podemos aprender o que antigamente se aprendia num ano ..

Sem dúvida! Mas também é bom não esquecer que a net não tem tudo, há muita coisa que só está na cabeça dos mais antigos e outras que só estão mesmo em livros e revistas!