Rolex... pode um apreciador de bons relógios não gostar?

Tenho-me deparado com este dilema pessoal... agravado pelo facto de assistir aqui a vários apreciadores da marca que gabam os Rolex e os têm como "grail".

Mas para mim, que gosto muito de relógios e aprecio qualidade técnica e design (bem como o lado histórico das coisas), isto não está fácil, pois nunca me senti atraído pela Rolex. E seriamente começo a pensar que é um problema meu, talvez ignorância, talvez inexperiência (nunca tive um Rolex no pulso).

Mas a verdade é que apenas olhando para as montras, para as fotos, para as publicações por essa net fora... raramente sinto empatia, muito menos vontade de ter ou usar um.

Na verdade lembro-me de há uma ou duas décadas a Rolex estar associada a uma certa falta de bom gosto, relógios de mafiosos e gangs, ou até aquele tipo de contexto que muitas vezes associamos ao mercedes topo de gama do chefe das obras (epah não quero ofender ninguém, apenas refiro isto em tom jocoso porque me lembro mesmo de uma aura deste tipo associada à marca em muitos meios).

O que se passa comigo???

Ajudem-me a ultrapassar esta limitação!

O que torna a Rolex tão especial? O que me está a escapar/falhar? Preciso de uma boa lavagem cerebral ROLEX!

Não é por se gostar de relógios que se tem de gostar de uma marca obrigatoriamente. Uma coisa é respeitar a marca e a sua história e contributos, outra é gostar dos produtos que oferece, em que a opinião pessoal é tudo aquilo que conta. 

Pessoalmente é uma marca que gosto e odeio ao mesmo tempo

Não sou o maior admirador dos modelos atuais da Rolex (desta geração de cerâmica), são demasiado grandes para o meu gosto e acho-os um pouco flashy demais. Aprecio mais a geração pre-ceramic, acho que as proporções eram muito mais equilibradas e tinham um pouco mais de classe que os atuais. É a minha opinião pessoal e tenho a certeza que vou contra grande parte dos fãs da marca.
Uma coisa que também nunca percebi é a hype que se dá a todos os lançamentos da Rolex. Parece que para a maioria dos fãs basta uma mudança de cor no mostrador para ser o melhor lançamento do ano. Existem muitas outras marcas que têm modelos mais interessantes mas nunca lhes dão a devida a atenção simplesmente porque não têm o mesmo estatuto.

No entanto acho que poucas são as marcas que conseguem não ter lapsos ao longo da sua história e a Rolex deve ser uma das marcas que mais se aproxima disso. Os relógios são intemporais, poucas foram as alterações que sofreram ao longo dos anos, e os modelos lançados originalmente continuam super atuais em termos estéticos (nunca arriscam muito). Têm uma construção excelente e do ponto de vista de durabilidade à geração atual pouco se lhe pode apontar. O estatuto da marca é melhor do que todas as outras, como dizem é quase uma moeda de troca.
E podíamos continuar...

Resumindo, para mim a Rolex é a melhor MARCA em toda a indústria e por isso respeito-a imenso. No entanto não acho que sejam holy grail dos relógios, há muita coisa interessante por aí. Já tive diferentes posições em relação à marca mas atualmente estou um pouco assim

Não se passa nada contigo, apenas não podemos gostar todos do mesmo, já viste que seca que isso seria.
Quanto a Rolex, é sem dúvida uma marca com um prestígio e um pedigree fantástico, também não gosto de todos os modelos mais recentes e principalmente aqueles muito vistosos com pedras preciosas incustradas, mas existem modelos mais antigos fantásticos e que deram origem a inúmeras réplicas e homages por parte de outras marcas.

Viva @SeaUrchin, eu concordo contigo que em tempos tanto a Rolex como os Mercedes estavam associados aos denominados "patos bravos", que eram normalmente as pessoas que ganhavam bastante dinheiro na construção civil (sem desprimor para ninguém, claro) e que adoravam exibir estas duas marcas. Não sei que idade tens, eu tenho 54 e lembro-me que isso era assim mais marcante quando eu era miúdo, ou seja, há 40 anos e mais. Acho que essa imagem já há muito se esbateu no tempo e hoje essas marcas já deixaram de ter essa conotação um pouco negativa, isto é mais um dado histórico que outra coisa.

Hoje em dia o que dá "mau nome" à Rolex são aqueles modelos cheios de diamantes psicadélicos que os jogadores de futebol encomendam, tal como também compram os Hublot, os Richard Mille e os Franck Muller. Mas, sinceramente, eu gostava de ter um relógio de cada coleção da Rolex, acho que são todos bonitos e, acima de tudo, bons.

Que a Rolex tem história, não há nenhuma dúvida. Claro que não é nenhuma Breguet, mas não deixa de ter mais de 100 anos e muitos êxitos. E a qualidade, quer horológica, quer ao nível dos materiais, quer de design, é indiscutível.

Eu também não tinha um grande apreço pela marca, confesso, mas dúzias de videos que vi sobre a Marca e as suas coleções fizeram-me mudar de ideias! E agora com a compra do Explorer, ontem ... não há palavras para descrever a sensação!

Durante muito tempo não gostei de Rolex porque me parecia relógio para snobs/novos ricos, puro símbolo de frivolidade. Felizmente, com o que fui lendo, hoje consigo ver além disso e gostava genuinamente de ter um Datejust qualquer dia. Como o @JPP refere, também já me aconteceu o mesmo com algumas marcas de automóveis.

Eu já tenho o meu graal mas precisamos de lhe dar muito amor e carinho . A ver se arranjo coragem para meter o Sr Girão a dar o litro

Muito obrigado pelas respostas e pela educação que estou a ter

Para colmatar a falha de nunca ter experimentado um Rolex, hoje fui à loja Rolex no El Corte Inglês (foi puro acaso, fui lá por outros motivos e quando vi a loja decidi logo que ia aproveitar o momento). Fui incrivelmente bem atendido (até champagne me queriam oferecer mas eu recusei), mostraram-me todo o catálogo, explicaram-me muitas e variadas questões sobre a marca e cada relógio, e gostei muito do Daytona (claro) e do Sea Dweller, achei o Submariner interessante... mas... todos eles apenas no catálogo, estão inacessíveis, para o Daytona falou-me de um tempo de espera de 7 anos... aproveitei para dar o meu contacto (penso que daqui a 7 anos ou mais posso dar-me ao luxo de comprar um Daytona hehehehe) e entrar na "corrida".

Sobre os modelos mais clássicos... datejust, day-date, ou os explorer, milgauss etc, nada disso faz o meu género e penso que é mesmo uma questão de gosto pessoal.

Experimentei um do qual não me recordo do nome, penso que era 41mm, com numeração romana em verde, logo dourado e letras Rolex em verde também (acho que era um Datejust). Gostei muito da qualidade de construção e acabamentos (apesar de não gostar da estética), obviamente é bom material

Disseram-me que existe uma Boutique Rolex na Av Liberdade onde existem Daytona em exposição, sou capaz de lá ir para ver o relógio a funcionar e avaliar o material in loco

Há pelo menos 4 boutiques de relógios na Av. da Liberdade para nos encharcarmos em belas peças e sonhar:

- Relojoaria Torres
- David Rosas
- Boutique dos Relógios Plus
- E outra no nº 190, um pouco acima do Tivoli, que não sei o nome.

Esta semana hei-de perder-me por lá um pouco numa hora de almoço!

Sabe tão bem hehehehe

Claro que pode!
Até pode detestar a Rolex. É uma questão de gosto.
O que não creio que possa dizer é que é uma marca que não vale nada, porque isso será claramente mentira!
Até há bem pouco tempo não achava a mínima graça aos Rolex.
Tinha-os como relógios aborrecidos, com uma estética enfadonha, dados a ostentações e não tinha qualquer interesse em ter um.
Depois comecei a ler coisas sobre a marca, a conhecer melhor a sua história, a posição de domínio no mercado, a indiscutível qualidade dos seus relógios, e comecei a afeiçoar-me mais a eles, não só no domínio da qualidade como também da estética, que é muito simples e, com isso, consegue também ser muito bonita.
E quando comprei o Submariner só pude confirmar tudo o que já tinha lido.
Aliás, falei precisamente disto com o Lourenço @m84 no final da conversa que tivemos há uns meses para o podcast A Hora Certa
https://soundcloud.com/ahoracerta/a-hora-certa-ep-15-alexandre

ouvi o podcast  no ginasio a fazer os meus 45minutos na esteira  , TOP adorei

Fizeste a universidade nos anos 90 ?

Bem fiquei curioso , quem tem menos de 25 anos que se acusa aqui , porque eu estou-me a sentir um bebe aqui

Obrigado
Aproveita e ouve também os outros, que são bem interessantes.
Entrei na faculdade em 92 e saí em 97.

Quando tu entraste estava eu a sair! Ainda me sinto mais cota!

Hoje finalmente vi um Daytona! Não mexi nem nada, apenas o vi na montra da Torres no Colombo, estava lá um dourado com brilhantes e correia de borracha (?) preta, ao lado de um Submariner.

Mesmo sem testar, mexer e ver no pulso, isto foi o que me deixou desapontado (se calhar expectativas demasiado altas):

1- Fiquei um pouco afectado com o tamanho do relógio ao vivo, é mais pequeno do que imaginava, e eu de facto sou mesmo adepto dos relógios grandes (42mm ou mais). Os anunciados 40mm já eram um indicador de que este poderia não ser o relógio para mim, mas na maior parte dos videos/fotos não dava para perceber bem esta questão, ao vivo ali na montra à minha frente primeiro pensei que seria um relógio de senhora (?) agravado por ser uma versão de ouro com brilhantes... e ao lado de um Submariner ainda parecia mais pequeno. Também não me agrada muito a proporção da coroa e botões de rosca, saem imenso para fora da caixa, e são tão grandes que numa caixa de 40mm parecem demasiado presentes e intrusivos.

2- Funcionamento do chrono... isto por enquanto só vi em videos (brevemente vou testar e ver ao vivo). Sou, como sabem, sensível à forma como os ponteiros se movimentam... neste Daytona tal como em muitos outros relógios do mesmo género, existe um arrasto do ponteiro dos minutos que se inicia antes do segundo 60 para, se tudo correr bem e funcionar perfeitamente, terminar precisamente quando o segundo 60 é atingido. Ainda não sei se isto acontece com perfeição no Daytona, mas imagino que sim (assim espero para um relógio deste preço e reputação)... mas, mesmo que seja perfeito, há sempre ali um momento em que é possível parar o chrono antes do segundo 60, e ver o ponteiro dos minutos numa posição ambígua antes do minuto seguinte... e porque lhe chamo ambígua? Pelo que descrevo a seguir no ponto 3.

3- Contador dos minutos com escala incompleta... ao olhar para o contador dos minutos dei por mim a contar os tracinhos e rapidamente percebi que não estão lá todos, chegam a "desaparecer" 3 tracinhos por exemplo no lugar do número 10, 20, 30! Enfim, admito que não é impossível perceber em que minuto está o ponteiro (depois de conhecer bem o relógio) mas certamente não ajuda à legibilidade ou rapidez de interpretação (num relógio das corridas) da contagem... ainda mais grave quando o ponteiro poderá estar, durante aquelas breves fracções de segundo, numa posição intermédia... numa zona do mostrador que nem tem os tracinhos da escala! Não me parece grande ideia, um design que contraria a suposta funcionalidade principal do relógio.

4- Esta descobri buma review em video no youtube... o sistema de ajuste rápido do clasp só com 1 posição e esta equivale ao tamanho de 1 elo da bracelete (quase 5mm), pouco ou mesmo nada prático, na verdade para a maior parte das situações em que precisamos de um ajuste rápido por causa da dilatação do pulso e outras, o ajuste ideal seria de 2mm ou 3mm no máximo e de preferência mais do que uma posição.

5- E finalmente o bezel de cerâmica com aspecto/acabamento algo estranho, não parece ter o refinamento e apuramento estético das cerâmicas da Omega por exemplo, que são lindas e aparentam uma quase perfeição na forma como reflectem a luz.