História dos medidores do Tempo | Ampulheta

Vamos avançando cronologicamente e o artigo de hoje é sobre a Ampulheta ou relógio de areia.

Este relógio  é composto por duas ampolas de vidro ligadas verticalmente por um estreito tubo que permite um fluxo regulado de material (habitualmente areia) da ampola superior para a inferior. Fatores que afetam o intervalo de tempo medido incluem a quantidade de areia, tamanho do grão, tamanho das ampolas e largura do canal estreito que liga as duas ampolas. As ampulhetas podem ser reutilizadas indefinidamente invertendo as ampolas assim que a superior estiver vazia.


Das cerca de quatro dezenas de ampulhetas que tenho na coleção escolhi três para ilustrar o artigo:


A primeira é uma ampulheta bastante grande, muito elegante, dos principios do século XX com um suporte que a sustenta. uma base redonda em madeira com uma asa que contém um ábaco simples.


O suporte mede 58 X 22 cm e a Ampulheta 31 X 14 cm.


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A segunda é uma ampulheta mais rustica com base em madeira tosta e que roda sob um eixo.

Também é relativamente grande com 36 X 20 cm a base e 25 X 13 cm a ampulheta.

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A terceira é uma pequena ampulha de ferro com 11 X 8 cm de base e 10 X 5 cm a ampulheta. O conjunto gira igualmente sobre um eixo e a base pode ser fixada à parede ficando o conjunto na horizontal.

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A História


Sabe-se que o seu antecessor, a clepsidra, ou relógio de água, já existia na Babilônia e no Egito no século 16 aC. De acordo com o Journal of the British Archaeological Association, a chamada clepsammia estava em pleno uso antes da época de São Jerônimo (335 aC), e a primeira representação potencial de uma ampulheta está  num sarcófago datado de c. 350 DC, representando o casamento de Peleu e Tétis, descoberto em Roma no século 18 e estudado por Winckelmann no século 19, que observou a ampulheta segura por Morfeu nas suas mãos.


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No entanto, é questionado se o objeto em questão é uma clepsammia ou uma clepsidra de formato semelhante; nenhuma outra ampulheta aparece claramente no registro histórico durante outros mil anos. 


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Este fresco de 1338, que mostra a personificação da Temperança é a primeira representação conhecida de uma ampulheta em arte ou letras.


Sendo assim, basicamente, todas as evidências apontam para a ampulheta tenha sido inventada por volta de 1000-1100 DC, durante os grandes avanços da navegação marítima naquela época. Essa datação dá à ampulheta tempo suficiente para se tornar amplamente usada e entrar no registro material por volta de 1300. Apesar de tudo, esta análise não é consensual entre os historiadores.


A ampulheta apareceu pela primeira vez na Europa no século VIII e pode ter sido feita por Luitprand, um monge da catedral de Chartres, França. No início do século XIV, o vidro feito de areia era comumente usado na Itália. Parece ter sido amplamente utilizado em toda a Europa Ocidental desde aquela época até 1500.


A ampulheta ou relógio de areia apresenta exatamente o mesmo princípio da clepsidra . Dois globos (também chamados de frascos ou ampolas) de vidro são ligados por um tubo estreito de modo que a areia (com tamanho de grão relativamente uniforme) flui do globo superior para o inferior.


As ampulhetas foram feitas em tamanhos diferentes com base em medições pré-testadas de fluxo de areia em diferentes tamanhos de globos. Uma caixa ou moldura que envolvia os globos poderia ser encaixada nos dois globos para formar uma parte superior e inferior da ampulheta e era usada para inverter a ampulheta e iniciar o fluxo de areia novamente. Algumas ampulhetas ou conjuntos de ampulhetas foram colocados num suporte giratório para que pudessem ser girados facilmente.


O design e o planeamento são geralmente a parte mais complicada do fabrico de uma ampulheta. O fabricante da ampulheta deve ser artesão, artista e especialista em relações públicas para aconselhar os clientes sobre os aspectos práticos do projeto e construção da ampulheta. Após a finalização do projeto, a construção final da ampulheta é relativamente simples.


Os designs de relógios de areia também podem variar consideravelmente em tamanho. As menores ampulhetas conhecidas têm o tamanho de um botão e as maiores têm até 1 m de altura. Os vidros podem ter vários formatos, de redondos a oblongos, e podem ser gravados. Várias (mais de duas) ampolas de vidro podem ser ligadas, e várias ampulhetas podem ser montadas na mesma estrutura e girarem num único eixo.


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A maior ampulheta conhecida.

"Um coleccionador é um fiel depositário da história e de histórias"

Muito bom artigo! Obrigado @floijdt! Confesso que nunca tinha ligado muito à ampulheta, por me parecer um método demasiadamente básico, mas é óbvio que tem toda a importância na história da medição do tempo! Gostei de ler e de ver as fotos! 

Obrigado por mais um tópico educativo.


Permita-me fazer só uma observação:

Durante muitos anos segui assiduamente um programa de referência internacional da BBC, o Antiques Roadshow, e uma coisa que aprendi é que as ampulhetas (as antigas/originais) não usam areia, isso é um mito.

Os grãos de areia (principalmente os da praia) são muito angulosos, não permitindo um fluxo homogéneo do material entre as ampolas, o que comprometeria a utilidade do instrumento.

Durante séculos foram experimentados vários materiais desde: pó de pedra mármore, vidro moído, óxidos, etc. Mas o material mais utilizado era a casca de ovo calcinada e moída.

Segundo os apresentadores o primeiro passo para aferir a autenticidade/antiguidade de uma ampulheta é observar as características do pó no seu interior... se for areia não é bom sinal.

SquareWatch escreveu:Obrigado por mais um tópico educativo.


Permita-me fazer só uma observação:

Durante muitos anos segui assiduamente um programa de referência internacional da BBC, o Antiques Roadshow, e uma coisa que aprendi é que as ampulhetas (as antigas/originais) não usam areia, isso é um mito.

Os grãos de areia (principalmente os da praia) são muito angulosos, não permitindo um fluxo homogéneo do material entre as ampolas, o que comprometeria a utilidade do instrumento.

Durante séculos foram experimentados vários materiais desde: pó de pedra mármore, vidro moído, óxidos, etc. Mas o material mais utilizado era a casca de ovo calcinada e moída.

Segundo os apresentadores o primeiro passo para aferir a autenticidade/antiguidade de uma ampulheta é observar as características do pó no seu interior... se for areia não é bom sinal.

Relógio de areia foi o nome dado de início à ampulheta e convencionou-se continuar a chamar assim, pois é uma forma de toda a gente saber do que se está a falar.

É óbvio que de areia, propriamente dita, praticamente nenhuma ampulheta contém no seu interior, e os que têm mesmo areia esta é refinada e com uma granolometria constante. Todas as outras podem ir desde pó de pedra a outros tipos de produtos produzidos para o efeito. 

Possuo na minha colecção uma ampulheta em que o interior é feito com microesferas:

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E outra com limalha de ferro. Uma vez que a base da  ampulheta está colocada sobre um iman, quando as llimalhas vão caindo começa a formar-se no fundo da ampola cristais de ferro. Muito interessante:

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"Um coleccionador é um fiel depositário da história e de histórias"

Estou maravilhado.....

Boas @floijdt são todos maravilhosos e claro que a introdução aos mesmos está uma maravilha ....

Delícia ver estas coisas!